terça-feira, 31 de agosto de 2010

Lição 10 do 3° Trimestre de 2010

Lição-10 O Ministério Profético no Novo Testamento

( INTRODUÇÃO )
O autor do livro de Hebreus estabelece o seu tema principal nos dois primeiros versículos deste livro. No passado, o instrumento principal de Deus para sua revelação foram os profetas, mas agora Ele tem falado, ou se revelado pelo seu Filho Jesus Cristo, que é supremo sobre todas as coisas. A Palavra de Deus falada mediante seu Filho é final: ela cumpre e transcende tudo o que foi anteriormente falado da parte de Deus. Absolutamente nada, nem os profetas, nem os anjos, têm maior autoridade do que Cristo. Ele é o único caminho para a salvação eterna e o único mediador entre Deus e o homem. Deus, o Todo-Poderoso, sempre procurou comunicar-se de modo pessoal com os homens. No Antigo Testamento, utilizou os profetas para falar com os israelitas. Porém, no Novo Testamento, observamos o Pai se revelando a toda a humanidade de uma forma sublime e surpreendente, falando através de seu Filho, o maior Profeta de todos os tempos. O NT testamento não é apenas o antítipo do VT, mas apresenta também conteúdo profético. João Batista, que foi ‘profeta’, e ‘mais de que profeta’ (Mt 11.9), surgiu como uma ‘… voz que prepara o caminho do rei’: ‘Irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado’ (Lc 1.17). E chegou esse tempo do ‘Profeta Servo’, em quem se cumpriu perfeitamente as palavras de Moisés (Dt 18.18; At 3.22). A atividade profética não cessou em Jesus Cristo, continua duma maneira nova, depois que o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecoste. Então, as palavras de Joel receberam parte do seu cumprimento: ‘vossos filhos e as vossas filhas profetizarão’ (Jl 2.28; At 2.17); assim, os crentes ouvem os profetas, enviados em nome do Senhor: Ágabo e outros, vindos de Jerusalém (At 11.27,28; 21.10); profetas em Antioquia (At 13.1); Judas e Silas (At 15.32); as quatro filhas de Filipe, o evangelista (At 21.9). Paulo também se refere a profetas cristãos em 1 Co 12.28 e seguintes: 14.29,32,37; Ef 3.5 e 4.11. O autor do Apocalipse também se refere freqüentes vezes aos profetas cristãos, que são considerados como seus irmãos (Ap 22.9).

I. JESUS CRISTO, O PROFETA QUE HAVIA DE VIR

1. A principal característica do autêntico profeta. Os profetas do Antigo Testamento serviram como canais de comunicação entre Deus e o seu povo, conscientizando-o acerca da vontade e do conhecimento divinos. os profetas do Antigo Testamento eram homens de Deus separados para esse venerável trabalho. Os sacerdotes, juízes, reis, conselheiros e os salmistas, tinham cada um, lugar distintivo na história de Israel, mas nenhum deles logrou alcançar a estatura dos profetas, nem chegou a exercer tanta influência na história da redenção. A Bíblia como conhecemos não teria chegado a nossas mãos se não fosse esse abnegado ministério; Tal fato fica evidente na divisão tríplice da Bíblia hebraica (Tanakh): Torah (Lei),Neviim (Profetas), e Kethuvim (Escritos) (cf. Lc 24.44). Somente Deus pode ver o futuro e muitas vezes é o desejo dEle revelar fatos futuros ao homem. Para isso, Deus usava homens que recebiam as suas revelações e as transmitiam de forma oral ou escrita.

2. Jesus Cristo, o Profeta.
Há várias razões que apontam para Jesus como um profeta:
a)Ele foi reconhecido e foi-Lhe atribuído o título naturalmente;

b)Os apóstolos viram nele o cumprimento da promessa dada por Deus a Israel para levantar um profeta do seu povo;

c)O próprio Jesus reconheceu e usou o título de profeta para se referir a si mesmo;

d)Aqueles que o ouviam e seguiam o identificavam como tal;

e)Entre o povo judeu em geral, houve uma identificação da obra de Jesus, com o ministério profético, elementos comuns aos profetas que o precederam.
A mensagem de Cristo é semelhante à dos profetas, i. é.:Jesus Cristo é Profeta. Esta função já estava predita no Velho Testamento. Os profetas do Velho Testamento eram os porta-vozes de Deus, os seus mensageiros. Jesus é a revelação suprema do Pai, de sua vontade, de seus propósitos e de seus desejos. Há muitas passagens que se referem a Jesus como um profeta. O próprio Jesus referiu-se a si mesmo assim: ‘E Jesus continuou: —Mas eu preciso seguir o meu caminho hoje, amanhã e depois de amanhã; pois um profeta não deve ser morto fora de Jerusalém.’ (Lc 13.33). Em outra oportunidade, ele afirmou: ‘…Um profeta é respeitado em toda parte, menos na sua terra, entre os seus parentes e na sua própria casa.’(Mc 6.4). Os Evangelhos retratam Jesus como profeta (Mt 21.11; Lc 4.24; cf. At 3.20-23), conforme a chamada profética no AT. Estas características o identificam como profeta:
- Era um homem do Espírito e da Palavra (Mt 21.42; 22.29; Lc 4.1,18; 24.27; Jo 3.34);
- Tinha íntima comunhão com Deus (Lc 5.16);
- Fazia predições proféticas (Mt 24; Lc 19.43,44);
- Realizava atos simbólicos que expressavam zelo pela honra de Deus (Mt 21.12,13; Jo 2.13-17);
- Desmascarava a hipocrisia dos líderes religiosos e os criticava por seguirem mais as tradições do que a Palavra de Deus (Mc 7.7-9,13);
- Compartilhava do sentimento e do sofrimento de Deus por causa da perdição dos que se recusavam a arrepender-se (Lc 13.34; 19.41);
- Destacava o ensino moral da Palavra de Deus (a santidade, a justiça, a retidão, o amor, a misericórdia) em contraste com a observância de rituais(12.38-40; Mt 23.136)
- Proclamava o reino iminente de Deus e o juízo divino sobre todo o mal (Mt 11.22,24; 10.15; Lc 10.12,14). (9) Pregava o arrependimento, chamando o povo a voltar-se para Deus e deixar o pecado e o mundo (v. 12; Mt 4.17).
“A predição de Moisés em Dt 18.17,18: ‘Então o SENHOR me disse: Bem falaram naquilo que disseram. Eis que lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu…’ , foi uma profecia a respeito de Jesus Cristo. De que maneira foi Jesus semelhante a Moisés? (1) Moisés foi ungido pelo Espírito (Nm 11.17); o Espírito do Senhor estava sobre Jesus na pregação do evangelho (Lc 4.18,19). (2) Deus usou Moisés para introduzir a antiga aliança; Jesus introduziu a nova aliança. (3) Moisés conduziu Israel, tirando-o do Egito para o Sinai, e estabeleceu o pacto de seu relacionamento com Deus; Cristo redimiu seu povo do pecado e da escravidão de Satanás, e estabeleceu um novo e vivo pacto com Deus, por meio do qual seu povo pudesse entrar sua própria presença. (4) Moisés, nas leis do AT, referiu-se ao sacrifício de cordeiros para prover em figura a redenção; o próprio Cristo tornou-se o Cordeiro de Deus para prover salvação a todos quantos o aceitarem. (5) Moisés conduziu o povo à lei, mostrando-lhe a sua obrigação em cumprir seus estatutos para ter a bênção divina; Cristo chamava o povo a si mesmo e ao Espírito Santo, como a maneira de Deus cumprir a sua vontade, e dos fiéis receberem a bênção divina e a vida eterna.” (Bíblia de Estudo pentecostal, nota At 3.22)

3. A perfeição de Cristo. Ele sabia que no mar havia um peixe com uma moeda e que Pedro ao lançar o anzol o pescaria, e com o dinheiro pagaria o imposto, tanto por ele como por seu Mestre (Mt 17.27) [O peixe em questão era uma tilápia – hoje chamada de ‘peixe de São Pedro’. A tilápia carrega seus ovos e mais tarde os novos peixes na boca. Mesmo quando vão a procura de comida, os peixinhos voltam à proteção da boca da mãe. Quando a mãe-peixe quer que fiquem fora, ela pega um objeto, preferivelmente brilhante, e o segura na boca para evitar que retornem. Nesse caso o peixe pegou uma moeda de um siclo. Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos, Ralph Gower, Ed. CPAD, p. 131]. Em Jo 2.24,25 está escrito que não havia necessidade de ninguém falar algo sobre o que há no interior do homem, porque Jesus já sabia de tudo. ‘…porque só tu conheces o coração de todos os filhos dos homens.’ 1Rs 8.39 afirma que só Deus conhece o coração dos homens, logo Jesus é onisciente, porque ele é Deus. Ele sabia que a mulher samaritana já havia possuído cinco maridos e o que vivia com ela não era seu marido. ‘Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo, Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.’ (Cl 2.2,3). “O Senhor Jesus ouvia a oração de Saulo de Tarso enquanto falava com Ananias, em Damasco (At 9.11). Não há nada no universo que Jesus não saiba e tudo porque ele é onisciente e é Deus. Ele mesmo é o Deus verdadeiro e por isso jamais discursou dizendo “assim diz o Senhor’ ou ‘veio a mim a palavra do Senhor’, o que se encontra no evangelho é o seguinte: ‘em verdade, em verdade vos digo’ e fraseologia similar, ou ainda: ‘passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar’ (Lc 21.32)”. (SOARES, Ezequias. O Ministério Profético na Bíblia. Rio de Janeiro, CPAD, 2010, p. 204). “Jesus via sua própria mensagem como uma continuação dos escritos proféticos e avaliou a geração de seu tempo à luz daquelas profecias. Muitas vezes, citava Jeremias e Zacarias, aplicando suas profecias tanto ao juízo que estava por vir sobre Jerusalém em 70 d.C., como também ao Juízo Final. Na ‘purificação do Templo’, por exemplo, Jesus citou Jeremias 7 (que alude à ameaça de violação do Templo, logo após o sermão de Jeremias sobre o Templo), como textos de Isaías e Zacarias (que dizem respeito à situação futura do Templo). O discurso de Jesus sobre o monte das Oliveiras também coloca o Templo em um contexto escatológico. Quando ouvem a profecia de Jesus sobre a destruição do Templo, os discípulos aparentemente a vinculam à vinda do Messias no fim dos tempos e perguntam sobre um sinal. O ’sinal’ dado por Jesus foi a abominação da desolação de Daniel (Mt 24.15). Isto, portanto, seria uma indicação de que a nação de Israel se aproximava de sua libertação e restauração pelas mãos do Messias, pois a profanação do Templo dará início à perseguição do povo judeu (ou seja, a ‘grande tribulação’; Mt 24.16-22). Somente o próprio Messias seria capaz de salvá-lo de seus inimigos.

II. A ATIVIDADE PROFÉTICA EM O NOVO TESTAMENTO

1. A revelação pelo Espírito (v.10a). Para se conhecer as coisas de Deus são necessários dois elementos: Uma revelação de Deus pelo Espírito Santo e uma resposta espiritual adequada pelo homem. A fonte de inspiração profética na Nova Aliança é a mesma do Antigo Pacto: O Espírito Santo. No dizer de Paulo, ‘Deus no-las revelou pelo seu Espírito’ (v.10). “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.” (Ef 4.11). Este versículo alista os dons de ministério (i.e., líderes espirituais dotados de dons) que Cristo deu à igreja. Paulo declara que Ele deu esses dons para preparar o povo de Deus ao trabalho cristão (4.12) e para o crescimento e desenvolvimento espirituais do corpo de Cristo, segundo o plano de Deus (4.13-16). Pedro afirma a divina origem e autoridade das profecias da Escritura: ‘Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo’. Tal qual o valente Pedro, todos os crentes devem, de modo semelhante, manter um conceito firme e final da inspiração e autoridade das Sagradas Escrituras.

2. O Espírito Santo conhece as profundezas de Deus (vv.10b,11). Nossa fé se baseia não somente na Palavra de Deus do NT, mas também na Palavra de Deus do AT. O Espírito Santo, através dos profetas, predisse os sofrimentos de Cristo e a glória que viria depois disso (Gn 49.10; Sl 22; Is 52.13-53.12; Dn 2.44; Zc 9.9,10; 13.7; cf. Lc 24.26,27). O Espírito Santo é chamado “o Espírito de Cristo” (1Pe 1.11) porque Ele falava a respeito de Cristo, através dos profetas, e também Ele foi enviado da parte de Cristo (vv. 11,12; Jo 16.7; 20.22; At 2.33). O mesmo Espírito que inspirou os profetas do AT (v. 11), inspirou a verdade do evangelho; assim, a mensagem do evangelho tem sua origem em Deus, e não nos seres humanos. No dia de Pentecoste, o mesmo Espírito que inspirou a verdade do evangelho, começou a dar poder a todos os crentes para proclamarem essa mensagem (At 1.8; 2.4). Como os próprios pensamentos internos de uma pessoa são conhecidos somente por ela, assim também a mente de Deus é conhecida apenas pelo Espírito de Deus. Deus escolheu tornar-se conhecido através de Jesus Cristo e o Espírito Santo trouxe esse conhecimento de Cristo à Igreja.

3. A superioridade da revelação apostólica (v.12). Paulo chama o ‘novo testamento’ ou o novo concerto ‘o ministério do Espírito’ (2Co 3.8), referindo-se à ministração do Espírito Santo. Mediante a fé em Cristo, recebemos o Espírito Santo, nascemos de novo, e recebemos a promessa do batismo no Espírito (At 1.8; 2.4). Todos os benefícios redentores em Cristo, vêm através do Espírito Santo. É Ele quem nos transmite a presença de Cristo e todas as suas bênçãos (v. 9). Na antiga aliança, o instrumento principal de Deus para sua revelação foram os profetas, mas agora Ele tem falado, ou se revelado pelo seu Filho Jesus Cristo, que é supremo sobre todas as coisas. A Palavra de Deus falada mediante seu Filho é final: ela cumpre e transcende tudo o que foi anteriormente falado da parte de Deus. Absolutamente nada, nem os profetas (v. 1), nem os anjos (v. 4), têm maior autoridade do que Cristo. Ele é o único caminho para a salvação eterna e o único mediador entre Deus e o homem.

III. O EXERCÍCIO PROFÉTICO DOS APÓSTOLOS

1. A plenitude dos tempos. Em contraste com o cativeiro da lei, a plenitude dos tempos traz liberdade de filhos em Cristo. No dizer de Paulo, a ‘plenitude dos tempos’ era o tempo estabelecido por Deus para a vinda do Messias, quando as condições do mundo favoreciam sua aparição. Paulo ressalta a divindade de Jesus (seu filho), sua humanidade (nascido de mulher), e sua sujeição à lei. Com a plenitude dos tempos, Deus envia o Messias para nos resgatar da escravidão e transformar os escravos em filhos. Jesus, o Filho de Deus, veio ao mundo na ‘hora certa’, quando tudo já estava preparado; havia um só império, uma só língua (grego koiné) difundida, estradas pavimentadas, boas condições de navegação, uniformização cultural, política propiciada pelo sistema administrativo do império romano, contribuições religiosas e contribuições culturais. O cristianismo, não é um evento isolado do mundo. Ele nasceu: num tempo determinado, num contexto histórico determinado, e em condições históricas determinadas que servem como pano de fundo para o estabelecimento da sua igreja. ‘Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.’ (Marcos 1:14 e 15). Plenitude dos tempos é: ‘tempo certo’; ‘momento ideal’, ‘ocasião propícia’ designada por Deus; ‘época ou contexto histórico cuja realidade (acontecimentos) foi tremendamente favorável ao objetivo da vinda de Cristo ao mundo’.

2. Profecias de Paulo. O apóstolo dos gentios, como embaixador em nome de Cristo (2 Co 5.20), desempenhava um trabalho de reconciliação, de estabelecimento ou restauração da comunhão amorosa depois da desavença, e dessa forma anunciou coisas futuras. Advertiu profeticamente, por exemplo, quanto ao aparecimento de falsos profetas na igreja, o que em parte, cumpriu-se em Éfeso, já que aquela igreja foi infestada por falsos mestres, alguns dos quais aparentemente eram líderes da igreja (1Tm 1.3, 7, 19-20). Paulo profetizou que nos últimos dias as pessoas não suportariam a sã doutrina, mas tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntariam para si mestres, segundo seus próprios desejos (2 Tm 4.3). A revelação deixada à Igreja não promete um paraíso terrestre a seus membros neste tempo (antes da volta de Jesus). Temos promessas de proteção, suprimento, cura, vitória, mas, ao mesmo tempo, exortações a respeito de aflições, perseguições, rejeição e martírio. A vitória total do cristão deve ser entendida sob um aspecto profético: há etapas proféticas que precisam concretizar-se em seu devido tempo. Paulo afirma proclamar verdadeiramente as palavras de Deus: ‘o Espírito que penetra todas as coisas, ainda as profundezas… ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus’ (1Co 2.10-12). Assim, seus oráculos são manifestos ‘não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina’ (1 Co 2.13). A verdade que o Espírito Santo lhe revelou é tão autêntica e inspirada como a dos santos profetas do Antigo Testamento. “Em suas epístolas, o apóstolo Paulo escreveu extensivamente sobre muitos assuntos proféticos, de uma forma literal e histórica. Seus comentários extremamente práticos tratavam das preocupações de seus leitores da época. Dentre os tópicos tratados, havia a apostasia religiosa. Apesar de alguns estudiosos discordarem,Paulo claramente profetizou sobre uma apostasia religiosa perto do fim da era da Igreja (2 Ts 2.3 ).

3. Profecias de Pedro e as predições através de João. O apóstolo Pedro iguala as palavras dos apóstolos com igual autoridade dos santos profetas do AT: ‘para que vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas e do mandamento do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos’ (2 Pe 3.2). Mais adiante chama as epístolas paulinas de Escrituras: ‘como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição’ (2Pe 3.15, 16). Ao dizer “igualmente as outras Escrituras’ está reconhecendo a sua autoridade divina. (SOARES, Ezequias. O Ministério Profético na Bíblia. Rio de Janeiro, CPAD, 2010, p.208). Pedro profetizou que nos últimos dias, i.e., no período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, falsos mestres negarão que Cristo voltará para destruir os ímpios e o mundo (cf. Ap 19.11-21); vinda de Jesus, o fim do mundo e a eternidade dos salvos, seu oráculo afirma que Deus resolveu destruir os céus e a terra por fogo, porque o pecado os contaminou (vv. 7,10,12). Esse dia virá com tanta certeza, como veio o dilúvio no tempo de Noé. A intervenção de Deus para purificar a terra por fogo significa que Ele não permitirá que o pecado fique impune para sempre. (2 Pe 3.7-18). João, o ‘discípulo amado’, irmão de Tiago, escreveu o Evangelho que leva o seu nome; foi escrito entre os anos 95 e 100 d. C., tendo sido cronologicamente o último a ser escrito. contém dezenas de profecias, quase todas pronunciadas pelo Senhor Jesus. A maior parte dos seus relatos é inédita em relação aos outros três evangelhos, o que sugere que o autor tivesse conhecimento do conteúdo deles ao escrever seu livro. Mais da metade deste evangelho é dedicado a eventos da vida de Jesus Cristo e suas palavras durante seus últimos dias. O propósito de João foi inspirar nos leitores a fé em Jesus Cristo como o Filho de Deus e o versículo que resume este propósito é Jo 20:31: ‘Jesus… operou também… muitos outros sinais… Estes, porém, foram escritos para que creais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais vida em seu nome’. O livro do Apocalipse (chamado também Apocalipse de São João, é o último da seleção do Cânon bíblico, também escrito por João, é essencialmente profético. A palavra apocalipse, do grego ??????????, significa, em grego, ‘Revelação’. Um ‘apocalipse’, na terminologia do judaísmo e do cristianismo, é a revelação divina de coisas que até então permaneciam secretas a um profeta escolhido por Deus. Por extensão, passou-se a designar de apocalipse aos relatos escritos dessas revelações.

(III. CONCLUSÃO)

A profecia bíblica continua sendo fator poderoso para ajudar a confirmar nossa fé. Somente Deus conhece o futuro. Ele nos provou isso, novamente, por meio das profecias da Bíblia. Muitas dessas profecias foram escritas com muita antecedência sobre os eventos preditos. E, seguramente, vez após outra, os eventos se deram da forma predita pelo Senhor. Sabemos isso porque hoje, olhando para trás na História, vemos o oráculo na Bíblia, e então, podemos ver que este se cumpriu. ‘Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus servos, os profetas’ (Am 3.7).Hoje, examinamos o Ministério Profético no Novo Testamento. O que podemos aprender? Que princípio está por trás da profecia? Como a profecia nos ajuda a aprender a confiar na Bíblia como Palavra de Deus? O cumprimento das profecias da Bíblia Sagrada é uma das evidências de sua origem divina; por isso, todos
, p. 16-7; devemos esperar nas fiéis promessas de Deus feitas por meios de seus profetas e apóstolos.

BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
- Lições Bíblicas 3º Trim. Livro do Mestre, versão eletrônica, CPAD (http://www.cpad.com.br);

- Stamps, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD;

- SOARES, Ezequias. O Ministério Profético na Bíblia. Rio de Janeiro, CPAD, 2010, p.143-162;

- Gower, Ralph, Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos, CPAD, 2002, p.131;

- HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro. 12.ed. CPAD, 2009;

- HORTON, S. M. Teologia Sistemática. CPAD, 2009, pp.323-324;

- Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro, CPAD, 2006, p.1610;

- LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de profecia Bíblica. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008203


Francisco A. Barbosa

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Lição 9 do 3° Trimestre de 2010

Lição-9 Jesus: o Cumprimento Profético do Antigo Testamento

TEXTO ÁUREO

"E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos" (Lc 24.44).

I. INTRODUÇÃO

O NT constantemente se apresenta como sendo o cumprimento de profecias e promessas feitas por Deus nas Escrituras Hebraicas. Dos quatro evangelistas, Mateus especificamente se preocupa em apontar esses acontecimentos (Mt 5.15,17; 3.3; 4.14; 8.17; 11.10; 12.17; 13.14,35; 21.4; 22.43; 26.31 e 27.9). Seu objetivo é mostrar que Jesus deve ser reconhecido como o Messias porque cumpriu aquilo que Deus disse por intermédio dos profetas. No texto da Leitura Bíblica em Classe, o apóstolo Pedro prega o cumprimento das profecias e defende com propriedade a tese de que Jesus é o cumprimento de tudo o que já fora predito pelos profetas. Pedro traz à lembrança dos líderes judeus a promessa sobre Gn 12.1-3 e aplica-a a todo homem, incluindo os gentios. Ele mostra que Jesus é o profeta que Deus levantaria conforme a profecia de Moisés. O conteúdo profético que discorre sobre o aparecimento de Jesus não se restringe só ao que foi dito ou escrito pelos profetas, mas está expresso em todo o conteúdo veterotestamentário, como poderemos constatar na lição de hoje.

I. FIGURAS PROFÉTICAS

1. As prefigurações. No texto de Êx 12.3-20 temos a descrição da festa da Páscoa e da festa que a segue, dos Pães Asmos. Curiosamente, pelo fato de a Páscoa assinalar um novo começo para Israel, o mês em que ela ocorreu (março/abril em nosso calendário) tornou-se o primeiro dos meses de um ano novo para a nação. Seu propósito foi relembrar ao povo que sua própria existência como povo de Deus resultou do seu livramento do Egito, mediante os poderosos atos redentores de Deus. O cordeiro da Páscoa e seu sangue prefiguram Jesus Cristo e seu sangue derramado, como o ‘Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo’ (Jo 1.29,36; Is 53.7; At 8.32-35; 1 Co 5.7; Ap 13.8). A festa da Páscoa devia ser observada anualmente. A participação regular da Ceia do Senhor para o cristão do NT é a continuação da mensagem profética da Páscoa (1Co 11.24,25). A refeição da Páscoa assinalava o início da Festa dos Pães Asmos, que prefigurava a importância da fé no Cordeiro sacrificial e a obediência a Ele. O cordeiro sacrificado diariamente apontava para Cristo que padeceu durante a comemoração dessa grande festa judaica (Lc 22.15), pois "Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós" (1 Co 5.7) [‘Ele foi oprimido, mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.’ Is 53.7]. Jesus é o Cordeiro provido por Deus para ser sacrificado em lugar dos pecadores (cf. Êx 12.3-17; Is 53.7). Pela sua morte, recebemos plena provisão para a remoção da culpa e do poder do pecado e abriu o caminho para Deus a todos neste mundo. Assim como a Páscoa, os sofrimentos de Davi, descritos no Salmo 22, prefiguram os vitupérios e flagelos de Jesus. Conhecido como o salmo da cruz [por retratar com exatidão o cruel sofrimento de Cristo na cruz], prefigura o sofrimento de Jesus Cristo durante sua crucificação, e prenuncia sua imediata vindicação três dias depois. Até os gestos usados pelos inimigos de Jesus foram preditos no AT (‘E os que passavam blasfemavam dele, meneando a cabeça’ Mt 27.39).

2. A linguagem profética. Ao retornar do Egito, a sagrada família foi habitar em Nazaré: "E chegou e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno" (Mt 2.23). Mateus reúne e resume elementos do simbolismo profético, um de Jeremias (Jr 32.6-9) e outro de Zacarias (Zc 11.12,13): Zacarias, ainda representando o Messias, pediu aos líderes que lhe pagassem a soma que, segundo a opinião corrente, mereciam seus serviços proféticos. Mas eles o ofenderam ao lhe oferecerem o preço de um escravo (Êx 21.32). Trinta moedas de prata foi também o preço pago a Judas para trair a Jesus (Mt 27.3-10). A seguir, Mateus menciona o profeta mais antigo e mais destacado como sendo o autor da profecia, costume esse comum na alusão de passagens dos profetas. No discurso de Pedro registrado em At 3,18, sem especificar as passagens da Tanack, ele discorre sobre os últimos acontecimentos supondo que sua audiência já está ciente das passagens relevantes e que concordam que elas se aplicam ao Messias. Há uma notável harmonia nos relatos proféticos, isso prova a inspiração divina. A profecia do Antigo Testamento fala por intermédio de prefigurações, tanto por imagens quanto por linguagem profética.

II. INSTITUIÇÕES PROFÉTICAS

1. Israel. Em Os 11.1 (eu o amei; e do Egito chamei a meu filho.), Deus refere-se à ocasião em que os israelitas foram tirados do Egito para que viessem a tornar-se uma nação independente. Ele chama Israel de ‘filho’ (Êx 4.22), mas este não demorou a tornar-se inconstante e desobediente (v. 2). Mateus 2.14,15 aplica este versículo a Jesus, que foi levado ao Egito por José e Maria, e chamado de volta à Palestina depois da morte de Herodes. ‘Então dirás a Faraó: Assim diz o SENHOR: Israel é meu filho, meu primogênito.’ (Ex 4.22). Primogênito aqui, indica um tipo especial de amor de Deus, e, de comunhão com Ele. Deus reivindicou Israel como seu filho seu primogênito. Posteriormente, num sentido mais restrito de filiação, Deus reivindicou a dinastia davídica como seu filho (2 Sm 7.14; Sl 2.7), e mais adiante, também em sentido ainda mais restrito, Ele proclamou Jesus como seu Filho, seu Primogênito (Lc 1.35; 3.22; Hb 1.5-13).

2. O tabernáculo. No cap. 25 de Êxodo, Deus mesmo instrui a respeito do Tabernáculo. A Bíblia nos dá o significado histórico, espiritual e tipológico do Tabernáculo:

a. O Tabernáculo era um santuário (v. 8), um lugar separado para o Senhor habitar entre o seu povo e encontrar-se com os seus (v. 22; 29.45,46; Nm 5.3; Ez 43.7,9). A glória do Senhor estava sobre o Tabernáculo de dia e de noite. Quando a glória do Senhor seguia adiante, Israel tinha que avançar junto. Deus guiou os israelitas dessa maneira enquanto estiveram no deserto (40.36-38; Nm 9.15,16);

b. Era chamado o ‘Tabernáculo do Testemunho’ (38.21), porque continha os dez mandamentos. Os dez mandamentos lembravam sempre ao povo, da santidade de Deus e das suas leis sobre o viver do seu povo escolhido. Nosso relacionamento com Deus nunca poderá ser separado da nossa obediência à sua lei;

c. O Tabernáculo era o lugar onde Deus concedia o perdão dos pecados mediante um sacrifício vicário (29.10-14). Esses sacrifícios tipificavam o perfeito sacrifício de Cristo na cruz pelos pecados da raça humana (Hb 8.1,2; 9.11-14);

d. O Tabernáculo falava do céu, i.e., do Tabernáculo celestial onde Cristo, nosso sumo sacerdote eterno, vive eternamente para interceder por nós (Hb 9.11,12,24-28);

e. O Tabernáculo falava da redenção final quando, então, haverá um novo céu e uma nova terra, i.e., o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles (Ap 21.3). A arca era uma peça do Tabernáculo em formato de baú, contendo os dez mandamentos (cf. vv. 16,22), um vaso de maná (16.33,34) e a vara florescida de Arão (Nm 17.10; Hb 9.4). Tinha por cobertura uma tampa chamada propiciatório (v. 21). Fixados em cada extremidade do propiciatório e formando uma só peça com ele, havia dois querubins alados, de ouro batido (ver v. 18 nota). A arca foi posta no Lugar Santíssimo do Tabernáculo (26.34) e representava o trono de Deus. Diante dela o sumo sacerdote se colocava, uma vez por ano, no Dia da Expiação, para aspergir sangue sobre o propiciatório, como expiação pelos pecados involuntários do povo, cometidos durante o ano anterior. No interior da Arca havia duas tábuas de pedra, nas quais foram gravados os dez mandamentos ou Decálogo, que Moisés recebeu de Deus, no monte (31.18). Sobre a tampa da Arca, o propiciatório, o sumo sacerdote aspergia o sangue derramado do sacrifício, a fim de fazer expiação pelos pecados. Esse ato simbolizava a misericórdia de Deus, que levava ao perdão (Lv 16.14,15; 17.11; Rm 3.25). Assim, o propiciatório e o sangue sobre ele prefiguravam o perdão divino, acessível aos pecadores através do sacrifício expiador de Cristo (Rm 3.21-25; Hb 7.26; 4.14-16). Sobre o propiciatório, dois querubins de ouro em ambas as extremidades do propiciatório e simbolizavam seres celestiais que assistem junto ao trono de Deus no céu (Hb 8.5; Ap 4.6,8). Simbolizavam a presença de Deus e a sua soberania entre o seu povo na terra (1 Sm 4.4; 2 Sm 6.2; 2 Rs 19.15). A presença deles sobre a arca testificava da verdade que Deus permaneceria entre o seu povo, somente enquanto houvesse provisão expiatória pelo sangue e o povo se dispusesse a cumprir os mandamentos de Deus. No átrio, a mesa... o pão da proposição. O pão colocado sobre essa mesa representava a presença do Senhor como o sustentador de Israel na sua vida em geral (cf. Lv 24.5-9; Is 63.9). Aponta para Cristo, o Pão da Vida (16.4; Mt 26.26-29; 1 Co 10.16); O castiçal, um candelabro que continha sete lâmpadas a óleo para alumiar o Tabernáculo. As lâmpadas acesas representavam a luz de Deus, a sua presença no meio do arraial (Jr 25.10; Ap 21.22-26). Representava a presença de Deus no meio do povo. Deus mandou Moisés construir o tabernáculo, porque almejava habitar no meio dos filhos de Israel: "E me farão um santuário, e habitarei no meio deles" (Êx 25.8). No tabernáculo (Êxodo caps. 25 - 40) está a figura de Cristo: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1.14). Não somente isso, mas cada peça e utensílio do tabernáculo apontam igualmente para Cristo e sua obra salvífica (Hb 9.8-10).

3. O sacerdócio. O NT mostra a revelação Messiânica em outro personagem de Gênesis, Melquisedeque, como figura de Cristo (Gn 14.18-20). Melquisedeque (que significa rei de justiça ) era tanto rei de Salém (a Jerusalém primitiva), como sacerdote do Deus Altíssimo. Ele servia ao único Deus verdadeiro, assim como Abrão. Melquisedeque era cananeu e, portanto, como Jó, é um exemplo de um não-israelita, servo de Deus. Melquisedeque é um tipo ou figura da realeza e sacerdócio eternos de Jesus Cristo (Sl 110.4; ver Hb 7.1,3). Hebreus 7.1 apresenta-o como uma prefiguração de Jesus Cristo, que é tanto sacerdote como rei (v. 3). O sacerdócio de Cristo é ‘segundo a ordem de Melquisedeque’ (Hb 6.20), o que significa que Cristo é anterior a Abraão, a Levi e aos sacerdotes levíticos e maior que todos eles. Por ser o sacerdócio levítico imperfeito (Hb 10.4) e exercido por homens pecadores (vv. 27,28), foi substituído pelo sacerdote perfeito, o Filho de Deus. Cristo é um sacerdote perfeito porque é totalmente justo. Precisou morrer uma só vez como sacrifício pelos nossos pecados. Permanece como nosso sacerdote eterno diante de Deus no céu, e vive para sempre (vv. 24-28). Por isso, Ele pode salvar completamente e para sempre todos aqueles que por Ele se chegam a Deus (Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.-Hb 7.25).Cristo vive no céu, na presença do Pai (8.1), intercedendo por todos os seus seguidores, individualmente, de acordo com a vontade do Pai (cf. Rm 8.33,34; 1 Tm 2.5; 1 Jo 2.1). (1) Pelo ministério da intercessão de Cristo, experimentamos o amor e a presença de Deus e achamos misericórdia e graça para sermos ajudados em qualquer tipo de necessidade (4.16), tentação (Lc 22.32), fraqueza (4.15; 5.2), pecado (1 Jo 1.9; 2.1) e provação (Rm 8.31-39). (2) A oração de Cristo como sumo sacerdote em favor do seu povo (Jo 17), bem como sua vontade de derramar o Espírito Santo sobre todos os crentes (At 2.33), nos ajudam a compreender o alcance do seu ministério de intercessão (ver Jo 17.1 nota). (3) Mediante a intercessão de Cristo, aquele que se chega a Deus (i.e., se chega continuamente a Deus, pois o particípio no grego está no tempo presente e salienta a ação contínua), pode receber graça para ser salvo "perfeitamente". A intercessão de Cristo, como nosso sumo sacerdote, é essencial para a nossa salvação. Sem ela, e sem sua graça, misericórdia e ajuda que nos são outorgadas através daquela intercessão, nos afastaríamos de Deus, voltando a ser escravos do pecado e ao domínio de Satanás, e incorrendo em justa condenação. Nossa única esperança é aproximar-nos de Deus por meio de Cristo, pela fé (1Pe 1.5). (4) Note que Cristo não permanece como advogado e intercessor dos que se recusam a confessar e abandonar o pecado e que se apartam da comunhão com Deus (cf. 1 Jo 1.5-7,9; 3.10). Sua intercessão para salvar ‘perfeitamente’ é somente para aqueles que ‘por Ele se chegam a Deus’ (7.25). Não há segurança nem garantia para quem deliberadamente peca e deixa de se chegar a Deus por Ele (10.21-31; 3.6). (5) Posto que Cristo é nosso único mediador e intercessor no céu, qualquer tentativa de ter anjos ou santos falecidos como mediadores e de oferecer orações ao Pai através deles, é tanto inútil quanto antibíblico” (Bíblia de Estudo Pentecostal, nota de roda-pé em Hb 7.25). “Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá.” (Jr 31.31-34). Esta é a única declaração explícita que se refere ao concerto novo no AT. Hb 8.8-12 reescreve esse texto revelando que essas palavras de Jeremias cumpriram-se no novo concerto instituído por Jesus Cristo em favor de todos que se arrependem de seus pecados e crêem nEle. Encontramos ainda no NT, o ensino de que as palavras de Jeremias terão pleno cumprimento somente nos últimos dias desta era, quando uma boa parte da nação de Israel se voltar ao Senhor Jesus como seu verdadeiro Messias e Salvador (Rm 11.25-27; Ez 36.24-28; Zc 12.10 13.1). Já no Antigo Testamento, a palavra profética anunciava a mudança no sistema sacerdotal (Jr 31.31-34; Hb 8.8-12) e a substituição do sacerdócio aarônico pela ordem sacerdotal de Melquisedeque (Sl 110.4; Hb 7.11,17).

III. PROFECIAS DIRETAS ACERCA DO NASCIMENTO DE JESUS

1. A origem humana de Jesus. ‘A Queda do homem, no Éden, tornou-se a maior tragédia da humanidade, houve uma quebra na comunhão com Deus e essa separação fez do ser humano escravo de Satanás, perdendo a posição de honra que recebera do Senhor [...] Essa desobediencia arrastou toda a raça humana ao pecado: ‘por um homem entrou o pecado no mundo’ (Rm 5.12). Assim, o gigantesco plano divino de redenção, traçado antes da fundação do mundo é colocado em prática ao anunciar a vinda da semente da mulher para esmagar a cabeça da serpente (Gn 3.15)’ - SOARES, Ezequias. O Ministério Profético na Bíblia. Rio de Janeiro, CPAD, 2010, p.166-167.Deus prometeu o Redentor, no entanto, o seu perfil foi sendo revelado por Ele, nas Escrituras, ao longo do tempo. Isaías previu o nascimento do Messias, Jesus Cristo num tempo e lugar específicos na história, e esse Filho Messiânico nasceria de modo único e maravilhoso (Is 9.6). Isaías vai além e traça o perfil ministerial que caracterizaria sua missão como o Messias: Maravilhoso - o próprio Messias em si seria uma maravilha sobrenatural; Conselheiro - o Messias seria a personificação da perfeita sabedoria e teria as palavras da vida eterna; Deus Forte - no Messias, toda a plenitude da deidade existiria em forma corpórea (Cl 2.9; Jo 1.1,14); Pai da Eternidade - Ele não somente viria a fim de revelar o Pai celestial, como também Ele mesmo agiria eternamente em favor do seu povo como um pai compassivo que ama, que guarda e que supre as necessidades dos seus filhos (Sl 103.13); Príncipe da Paz - o reino do Messias traria a paz com Deus à humanidade, mediante a libertação do pecado e da morte (11.6-9;. Rm 5.1; 8.2). Quanto à origem humana de Jesus, Ele é chamado de semente da mulher em Gn 3.15, a primeira promessa implícita do plano de Deus para a redenção do mundo. Deus promete aqui, que Cristo nasceria de uma mulher (Is 7.14), e que Ele seria ferido ao ser crucificado, porém, ressuscitaria dentre os mortos para destruir completamente a Satanás, o pecado e a morte, para salvar a humanidade (Is 53.5; Mt 1.20-23; Jo 12.31; At 26.18; Rm 5.18,19; 16.20; 1 Jo 3.8; Ap 20.10).

2. O descendente dos patriarcas de Israel. A bênção outorgada a Judá (vv. 8-12) indica que os direitos da primogenitura lhe foram concedidos, e, portanto, as bênçãos prometidas a Abraão (12.1-3). A suma dessa promessa é que todas as nações seriam abençoadas através de Judá pela semente da mulher. A Judá foi dito que seus descendentes governariam seus irmãos, até que venha Siló (Gn 49.8-10). Esta promessa foi parcialmente cumprida no fato da linhagem real de Israel ter sido a do rei Davi, um descendente de Judá. Siló provavelmente significa ‘aquele a quem pertence’ (Ez 21.27) e, em sentido pleno, refere-se ao Messias vindouro, Jesus Cristo, que veio através da tribo de Judá (Ap 5.5). Jacó profetizou que todos os povos lhe seriam sujeitos (v. 10; Ap 19.15), e que Ele traria grandes bênçãos espirituais (vv. 11,12). Os profetas disseram que o Salvador seria um descendente de Davi (Jr 23.5,6) e essa palavra também se cumpriu (Mt 22.42; Lc 1.32; Jo 7.42; Rm 1.3; Ap 22.16).

3. Nascido de uma virgem. Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel.’ (Is 7.14). Virgem tem o significado de virgem,ou mulher jovem em idade de casar. A aplicação imediata desse sinal seria a uma nubente que fora virgem até à ocasião do seu casamento. Antes do seu filho ter idade suficiente para distinguir entre o certo e o errado, os reis da Síria e de Israel seriam destruídos (v. 16). O pleno cumprimento desta profecia ocorreu quando Jesus Cristo nasceu da virgem Maria (Mt 1.23). Maria era virgem e permaneceu virgem até a ocasião do nascimento de Jesus (Mt 1.18,25). A concepção do seu Filho deu-se mediante um milagre do Espírito Santo, e não pela ação de homem algum (ver Mt 1.16,23; Lc 1.35). Essa é a doutrina cristã do nascimento virginal de Jesus. Os relatos de Mateus e Lucas concordam em declarar inequivocamente que Jesus nasceu de uma mãe virgem, sem haver o ato sexual, e que Ele foi concebido pelo Espírito Santo (v. 18; Lc 1.34,35). O Espírito Santo viria sobre ela, e o Filho seria concebido mediante uma intervenção divina milagrosa. Por causa da sua concepção milagrosa, Jesus será o Santo , ou seja: Ele não terá qualquer mácula do pecado. Essa doutrina vem sendo atacada pelos teólogos liberais. A palavra virgem é a tradução do grego e do hebraico, designa uma virgem em idade de casamento, e nunca é usada no AT para qualquer outra condição da mulher, exceto a da virgindade (cf. Gn 24.43; Ct 1.3; 6.8; Is 7.14). É de toda importância o nascimento virginal de Jesus. Para que o nosso Redentor pudesse expiar os nossos pecados e assim nos salvar, Ele teria que ser numa só pessoa, tanto Deus como homem impecável (Hb 7.25,26). O nascimento virginal de Jesus satisfaz essas duas exigências. Por isso, Jesus Cristo nos é revelado como uma só Pessoa divina, com duas naturezas: divina e humana, mas impecável.

4. O local de nascimento de Jesus. Miquéias profetiza que um governante surgiria de Belém para cumprir as promessas de Deus ao seu povo (Mq 5.2). Este texto refere-se a Jesus, o Messias (Mt 2.1,3-6), cuja origem é ‘desde os dias da eternidade’ (Jo 1.1; Cl 1.17; Ap 1.8). Não obstante, Ele nasceria como ser humano, para em tudo fazer-se semelhante a nós (v. 3; ver Jo 1.14; Fp 2.7-8). Lucas estabelece as circunstancias históricas que envolvem o nascimento de Jesus, relacionando-as com acontecimentos do império Romano. César Augusto foi imperador de 30 a.C. até 14 d.C., este ordenou o recenciamento com o objetivo de cobrança de impostos. O chefe de cada familia viajava para a cidade onde eram mantidos os registros de seus antepassados. Belém (Casa do Pão) é uma cidade palestina localizada na parte central da Cisjordânia, com uma população de cerca de 30.000 pessoas. É a capital da província de Belém, na Autoridade Nacional Palestina, e um centro de cultura e turismo no país. Localiza-se a cerca de 10 quilômetros ao sul de Jerusalém, a uma altitude de 765 metros acima do nível do mar. Belém é o local onde nasceu Jesus de Nazaré. A cidade é habitada por uma das mais antigas comunidades cristãs do mundo, embora seu tamanho tenha se reduzido nos últimos anos, devido à emigração. A cidade também é a terra natal do rei Davi, e o local onde ele foi coroado rei de Israel. Foi saqueada pelos samaritanos em529 d.C., durante sua revolta, porém foi reconstruída pelo imperador bizantino Justiniano II. A Belém atual tem uma população majoritariamente muçulmana, porém também abriga uma das maiores comunidades de cristãos palestinos. Em Belém encontra-se ainda, a Tumba de Raquel, um importante local sagrado para o judaísmo.

IV. PROFECIAS SOBRE AS OBRAS DE JESUS

1. A visão messiânica em Moisés (vv.22,23). A predição de Moisés em Dt 18.17,18: ‘Então o SENHOR me disse: Bem falaram naquilo que disseram. Eis que lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu...’, foi uma profecia a respeito de Jesus Cristo. De que maneira foi Jesus semelhante a Moisés?

- (1) Moisés foi ungido pelo Espírito (Nm 11.17); o Espírito do Senhor estava sobre Jesus na pregação do evangelho (Lc 4.18,19);

- (2) Deus usou Moisés para introduzir a antiga aliança; Jesus introduziu a nova aliança;

- (3) Moisés conduziu Israel, tirando-o do Egito para o Sinai, e estabeleceu o pacto de seu relacionamento com Deus; Cristo redimiu seu povo do pecado e da escravidão de Satanás, e estabeleceu um novo e vivo pacto com Deus, por meio do qual seu povo pudesse entrar na sua própria presença;

- (4) Moisés, nas leis do AT, referiu-se ao sacrifício de cordeiros para prover em figura a redenção; o próprio Cristo tornou-se o Cordeiro de Deus para prover salvação a todos quantos o aceitarem;

- (5) Moisés conduziu o povo à lei, mostrando-lhe a sua obrigação em cumprir seus estatutos para ter a bênção divina; Cristo chamava o povo a si mesmo e ao Espírito Santo, como a maneira de Deus cumprir a sua vontade, e dos fiéis receberem a bênção divina e a vida eterna (Stamps, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, nota At 3.29).

2. Sua vida e ministério. O profeta Isaías anunciou que o Messias haveria de habitar em Naftali, nos confins de Zebulon (Is 9.1-4); Isaías fala de um Libertador vindouro que, um dia, guiaria o povo de Deus à alegria, à paz, à retidão e à justiça.

O NT aplica-a à Jesus Cristo, o Filho de Deus. Essa profecia revela várias verdades importantes sobre o ministério do Messias: Ministraria principalmente na Galiléia (Mt 4.13,14); Traria a luz da salvação e da esperança (Mt 4.15,16); Aumentaria o número do povo de Deus, sobretudo pela admissão dos gentios à família da fé (At 15.13-18). O profeta Zacarias predisse a sua entrada triunfal em Jerusalém, montado num jumento (Zc 9.9). Um motivo ainda maior para o regozijo é a vinda do Rei, não em esplendor, mas em humildade (Fp 2.5-8), montado sobre um jumento. A profecia de Zacarias prevê a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mt 21.1-5). Ao entrar dessa maneira na cidade santa, Jesus declarou ser Ele o Messias e o Salvador, pronto a submeter-se à cruz. A palavra profética anuncia também a sua traição; seria traído por um amigo (Sl 41.9) LEVANTOU CONTRA MIM O SEU CALCANHAR. Jesus citou este versículo e o aplicou a Judas Iscariotes que, sendo um amigo de confiança, traiu o Salvador (Mt 26.14-16,20-25; Jo 13.18; Lc 22.3).

3. Seu sofrimento, morte e ressurreição (vv. 18,26). O Antigo Testamento anunciou com abundância de detalhes a paixão de Cristo, principalmente o capítulo 53 de Isaías. O Servo Sofredor é reputado como ‘ferido de Deus’ em Is 53.4, e a Lei diz “O que for pendurado no madeiro é maldito de Deus” (Dt 21.23). Quando tornou-se realidade, os espectadores pensavam que Cristo estava sofrendo somente o que merecia, mas a sua experiência de dor e angustia era por seu povo (1Pe 2.24). Cristo sofreu a maldição do pecado, aceitando a punição que os nossos pecados mereceram, provendo perdão e liberdade. Esse extremo de seu sofrimento mostra que a sua compaixão é real e não teórica. Somente aquele que tinha sido tentado de todas as maneiras possíveis, como nós, podia ser o misericordioso sumo-sacerdote (Hb 2.17,18). Em obediência e submissão completa ao Pai, o Servo Sofredor em seu julgamento e morte é comparado ao cordeiro levado ao matadouro e à ovelha muda diante de seus tosquiadores: Ele "não abriu a sua boca" (v.7), sendo morto como resultado de uma injustiça. Em At 8.32, Filipe discorre sobre esta passagem explicando-a ao eunuco etíope, levando-o a converter-se a Cristo. Ele morreu como um sacrifício propiciatório, que satisfaz o julgamento divino contra os pecadores, produzindo perdão e justificação e trazendo a reconciliação de partes que estavam alienadas entre si. A expiação realiza-se por ressarcir os danos, apagando os delitos e oferecendo satisfação pelas injustiças cometidas. A continuação do versículo (“E puseram a sua sepultura com os ímpios e com o rico, na sua morte;”) profetiza o seu sepultamento decente e honrado na tumba de José de Arimatéia, o que verdadeiramente aconteceu, fato esse ratificado pelos quatro evangelhos que citam a José de Arimatéia como quem assumiu o papel de líder no sepultamento de Jesus, mostrando, assim, a autenticidade da profecia bíblica.

BIBLIOGRAFIA PESQUISADA

- Lições Bíblicas 3º Trim. Livro do Mestre, versão eletrônica, CPAD (http://www.cpad.com.br);

- Stamps, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD;

- SOARES, Ezequias. O Ministério Profético na Bíblia. Rio de Janeiro, CPAD, 2010, p.143-162;

- Gower, Ralph, Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos, CPAD, 2002, p.145;

- HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro. 12.ed. CPAD, 2009;

- HORTON, S. M. Teologia Sistemática. CPAD, 2009, pp.323-324.

Francisco a. Barbosa

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Lição 8 do 3° Trimestre de 2010

Lição 8 - João Batista - O último Profeta do Antigo Pacto

TEXTO ÁUREO
‘A Lei e os Profetas duraram até João; desde então, é anunciado o Reino de Deus, e todo homem emprega força para entrar nele’ (Lc 16.16).

Trata-se aqui de João Batista. Cristo declara que João não era uma cana agitada pelo vento. Referia-se Jesus ao caráter justo de João e ao fato de ser ele um pregador que não transigia com o erro. O pensamento dos fariseus era que uma observância rígida da Lei fosse o caminho para a justiça e não perceberam que o fim da Lei era o Messias. João surge com uma mensagem nova: arrependimento e fé eram os meios para ingressar no Reino. ‘...emprega força...’ ‘Jesus declara o avanço do Reino de Deus como o resultado de duas coisas: pregação e esforço. Ele mostra que o Evangelho do Reino deve ser proclamado com paixão espiritual’ [...] Bíblia de Estudo Plenitude, SBB, p.1052.

I. INTRODUÇÃO
João inicia seu ministério identificando-se. ‘Eu não sou o Cristo’ (Jo 1.20), disse ele. Ele é aquela voz que prepara o caminho do rei (Jo 1.23). Um anjo resumiu a obra de João: ‘Irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado’ (Lc 1.17). Cristo declara que João Batista não era uma cana agitada pelo vento. Esta declaração refere-se ao caráter justo de João e ao fato de ser ele um pregador que não transigia com o erro. João foi semelhante em muitos aspectos ao destemido profeta Elias. Foi o personagem que demarcou a transição da Antiga para a Nova Aliança e serviu de ponte entre o Antigo e o Novo Testamento. Também chamado de João, o Batizador, nasceu na Judéia por volta do ano 2 a.C., foi um pregador do início do século I, citado por inúmeros historiadores, entre os quais estão Flávio Josefo. Era filho do sacerdote Zacarias e Isabel, prima de Maria, mãe de Jesus. Foi profeta e o precursor do prometido Messias, Jesus Cristo. Batizou muitos judeus, incluindo Jesus, no rio Jordão, e introduziu o batismo de gentios nos rituais de conversão judaicos, que mais tarde foi adotado pelos cristãos. Note o resultado da vida e do ministério de João, na plenitude do Espírito Santo:
- a). pela pregação convence o povo dos seus pecados e o leva ao arrependimento e à conversão a Deus (vv. 15-17);
- b). prega no espírito e poder de Elias (v. 17), e
- c). reconcilia as famílias, e conduz muitos a uma vida de retidão (v. 17).
João Batista, nascido de Zacarias e Isabel, prima de Maria, era puramente da descendência de Aarão. De acordo com a Lei, os sacerdotes só podiam ser da descendência de Aarão, e estava entre estes sacerdotes o Sumo Sacerdote que foi consagrado e foi servidor no Tabernáculo. O mais importante de todo o trabalho que o Sumo Sacerdote realizava era oferecer remissão de todos os pecados do povo de Israel, uma vez por ano no Dia da Expiação. Neste Dia da Expiação, o Sumo Sacerdote, como o representante do povo de Israel, colocava as suas mãos na cabeça de um bode e assim confessava todos os pecados da nação sobre o bode. Supõe-se quase sempre que quando João Batista se refere ao ‘Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo’ (Jo 1.29), ele estava mencionando Isaías 53.7. Todavia, como as ovelhas e os bodes são semelhantes no que se refere à linguagem, ele poderia estar se referindo ao bode expiatório – Jesus tirando os pecados do mundo quando morreu e deixou o mundo. João Batista, da descendência de Aarão, foi consagrado por Deus para uma missão especial: prepara o caminho para o Messias; e fez isso com maestria.

I. A ORIGEM DE JOÃO BATISTA

1. Sua família. João nasceu numa pequena aldeia chamada Aim Karim, a cerca de seis quilômetros a oeste de Jerusalém. Segundo infere-se de Lucas, era nazireu de nascimento. João teria nascido no ano 7 a.C.; os historiadores religiosos tendem a aproximar esta data do ano 1º, apontando-a para 2 a.C.. Como era prática ritual entre os judeus, o seu pai Zacarias teria procedido à cerimônia da circuncisão, ao oitavo dia de vida do menino. A sua educação foi grandemente influenciada pelas ações religiosas e pela vida no templo, uma vez que o seu pai era um sacerdote.
Veio de uma piedosa família, formada pelo sacerdote Zacarias e Isabel, sua esposa. Seu pai era ‘da ordem de Abias’ e sua mãe ‘das filhas de Arão’ (Lc 1.5). Na época de Davi, o número de sacerdotes havia se multiplicado de tal modo que o segundo rei de Israel resolveu estabelecer o sistema de serviço, do qual a ordem de Abias era a oitava (1 Cr 24.3-6,10). Nessa época existiam cerca de vinte mil sacerdotes por todo o país, gente de mais para ministrar no Templo de uma só vez. Por isso, os sacerdotes eram divididos em vinte e quatro grupos, cada um com cerca de mil, de acordo com as orientações deixadas por Davi (1Cr 24.3-19). Toda manhã, um sacerdote deveria entrar no lugar Santo e queimar incenso. Eram lançadas sorte para decidir quem entraria no Templo. Não foi um acaso a sorte cair sobre Zacarias, que naquela semana estava na turma de Abias, Deus estava no controle daquela situação. Os descendentes de Arão continuaram a se multiplicar tanto que, nos anos que precederam o nascimento de Jesus, o sacerdote só tinha uma oportunidade na vida de servir no altar (Lc 1.8-10). E foi nesse contexto que o anjo Gabriel anunciou a Zacarias o nascimento de João Batista (Lc 1.13).

2. Seu nome e seu nascimento. A narrativa que descreve o anuncio do nascimento de João e Jesus são colocados em paralelo; o mesmo anjo, Gabriel, faz o anuncio a Zacarias e a Maria, ambos os nascimentos seriam um milagre e as crianças nasceriam para realizar o plano de Deus em cumprimento à profecias do AT. O nascimento de João Batista foi um caso invulgar. Segundo nos conta Lucas 1.5-25, seus pais eram pessoas de vida irrepreensível, mas ambos já eram pessoas idosas e Isabel era estéril. Certo dia, quando Zacarias oferecia incenso no Templo, o anjo Gabriel apareceu para lhe dizer que sua mulher iria ter um filho e que se chamaria João, seria cheio do Espírito Santo desde o seu nascimento e teria a função de preparar o povo de Israel para a vinda do Messias. Zacarias era um ministro de Deus que trabalhava no Templo, cuidando da administração do prédio, do ensino das Escrituras e da adoração. Enquanto queimava o incenso no altar, ele tem a grata surpresa da oração respondida, nasceria o filho desejado, que prepararia o caminho para o Messias. Deus é Aquele que responde à oração a seu modo e tempo, não importando se a situação é impossível. Deus trabalha no seu tempo e modo e age em situações que para nós são impossíveis. A determinação de colocar o nome ‘João’ (O Senhor é Gracioso) na criança, combinada com ‘Jesus’ (O Senhor salva), transmite uma mensagem: Deus age de forma graciosa e salva o seu povo. A salvação está disponível a qualquer pessoa que o busque com sinceridade.

3. Sua estatura espiritual e sua missão. João Batista foi separado para desempenhar uma obra especial para Deus. Um antigo voto de consagração a Deus, o Nazireato, ‘obrigava-o’ a não beber vinho nem tocar em cadáveres (Nm 6.1-8). Seu papel seria semelhante ao dos profetas do AT: encorajar o povo a converter-se de seus maus caminhos e voltar-se para Deus. Nos tempos bíblicos, as estradas não passavam de uma trilha Quando alguém importante estava para chegar,como um rei ou outra pessoa importante, era prática ‘preparar o caminho.onde as pedras eram removidas, as lombadas diminuídas e os buracos enchidos.Por isso João usa essa expressão:preparai o caminho do Senhor’ (MT 11.10). Foi comparado a Elias que em seu ministério, confrontou governantes ímpios. João pregava a verdade e os mandamentos de Deus, sem temer os homens e sem jamais temer a opinião popular. As autoridades judaicas ignoraram o pecado de Herodes, mas João nem por um momento jamais fez isso. Ele opôs-se ao tal pecado, com firmeza total, demonstrando nisso fidelidade absoluta a Deus e à sua Palavra. Ele foi fiel a Deus ao condenar o pecado, embora tal atitude viesse a custar-lhe a vida (14.3-12). Que todo pregador da Palavra de Deus lembre-se disso: Cristo, também, julgará seu ministério, seu caráter e sua posição em relação ao pecado. João pavimentou o caminho para o Senhor indo ao povo com sua mensagem e continuou nesse ministério inclusive com sua prisão e morte. Jesus o seguiria primeiro pregando às multidões e depois, sendo preso e executado.

II. A PERSONALIDADE DE JOÃO BATISTA

1. O testemunho de Jesus (v.7a). Enquanto João estava encarcerado por ordem de Herodes, começou a ter algumas duvidas acerca de Jesus, se ele era realmente o Messias. Jesus respondeu ao questionamento de João mencionando a cura de cegos, aleijados, surdos e leprosos, bem como a ressurreição de mortos e a pregação do evangelho aos pobres, milagres que cumprem Is 35.5-6.

2. Sua espiritualidade e devoção (v.7b). Cristo declara que João não era uma cana agitada pelo vento. Essa frase é uma expressão idiomática hebraica para descrever alguém fraco e inconstante. Jesus elogia-o como um homem de coragem (v.7), consagrado (v. 8) e grandioso (v. 9-11). Referia-se Jesus ao caráter justo de João e ao fato de ser ele um pregador que não transigia com o erro. Mesmo preso, agitava-se com cuidados pelo Reino de Deus.

3. Sua personalidade (v.8). João pregava a verdade e os mandamentos de Deus, sem temer os homens e sem jamais temer a opinião popular. As autoridades judaicas ignoraram o pecado de Herodes, mas João nem por um momento jamais fez isso. Ele opôs-se ao tal pecado, com firmeza total, demonstrando nisso fidelidade absoluta a Deus e à sua Palavra. Ele foi fiel a Deus ao condenar o pecado, embora tal atitude viesse a custar-lhe a vida (14.3-12). Que todo pregador da Palavra de Deus lembre-se disso: Cristo, também, julgará seu ministério, seu caráter e sua posição em relação ao pecado.

III. JOÃO BATISTA, O ÚLTIMO PROFETA

1. "Muito mais que profeta" (v.9). João foi o precursor imediato daquele que todos os profetas apontaram, e por isso ele apontou Cristo mais claramente do que todos os outros. O próprio João foi ‘objeto’ de profecia (Ml 3.1); ele é o cumprimento da profecia de Ml 4.5-6 e o arauto do Servo do Senhor (MT 3.3; Is 40.3). Jesus acrescentou que dentre os mortais, não houve ninguém maior do que João (v.11). Esse questionamento de Jesus é bem propício para a Igreja de hoje: Se fosse hoje talvez esperássemos ver alguém preocupado com cargos e títulos portentosos, alguém que procura aplausos e popularidade? ou alguém que pregasse uma mensagem popular, que apresentasse uma nova unção, uma revelação espetacular, algo novo na religião? O que vemos não é um homem fraco, inconstante, com novas revelações, mas um homem corajoso, cheio do Espírito Santo, resignado a fazer a Obra que o Senhor lhe tinha confiado. João foi semelhante em muitos aspectos ao destemido profeta Elias. Cheio do Espírito Santo, foi um pregador da retidão moral (3.7-14; Mt 3.1-10). Demonstrou o ministério do Espírito Santo e pregou sobre o pecado, a justiça e o juízo. Sua pregação chamava os rebeldes à prudência dos justos (v.17). Não transigiu com a sua consciência, nem perverteu princípios bíblicos para conseguir posição social ou proteção [que exemplo de homem de Deus!]. Seu propósito era obedecer a Deus e permanecer leal a toda a verdade.

2. O término da dispensação da Lei (v.13). João veio pôr termo à era do AT, tornando-se sucessor do último dos profetas, Malaquias, cuja última predição ele cumpre (Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do SENHOR -Ml 4.5).

3. "O Elias que havia de vir" (v.14). Malaquias profetiza que Elias viria ministrar antes que chegasse o dia do Senhor. O NT revela que esta profecia refere-se a João Batista (Mt 11.7-14) que, ‘no espírito e virtude de Elias’, preparou o caminho ao Messias (Ml4.5,6). João advertiu os fariseus e os saduceus: ‘Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo’ (Mt 3.10). Multidões escutavam o apelo de João: ‘Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus’ (Mt 3.2). Os que atendiam ao chamado e se arrependiam se tornavam um povo preparado produzindo ‘frutos dignos de arrependimento’ (Mt 3.8). Muitos foram batizados por João no rio Jordão. Uma geração de víboras rejeitou a mensagem, ao passo que outros permitiram que o mensageiro de Deus os preparasse. João veio com a disposição e o poder de Elias (Lc 1.17). Em nenhum lugar isso é mais claro do que na descrição de Lucas 3.18 e 19: ‘Assim, pois, com muitas outras exortações anunciava o evangelho ao povo; mas Herodes, o tetrarca, sendo repreendido por ele, por causa de Herodias, mulher de seu irmão, e por todas as maldades que o mesmo Herodes havia feito’. O preparo para o reino espiritual que estava por vir exigia uma obra de escavação. Os vales tinham de ser preenchidos, e os montes tinham de ser rebaixados. Assim como Elias fez o que pôde para tirar a idolatria, o assassínio e a desonestidade, também João opôs-se aos pecados da nação e os desmascarou. Entre esses pecados estavam ‘todas as maldades que o mesmo Herodes havia feito’.

CONCLUSÃO
O papel de João Batista como um precursor do Messias o colocou numa posição de grande privilégio, descrito como 'muito mais do que profeta' (11.9), como não havendo ninguém maior do que ele. Nenhum homem jamais cumpriu este objetivo dado por Deus melhor do que João. Ainda assim, no Reino de Deus que está chegando, o menor terá uma herança espiritual maior do que João, porque ele viu e conheceu a Cristo e a sua obra concluída na Cruz. João morreria antes que Jesus morresse e ressuscitasse para inaugurar o seu Reino. Como seguidores de Jesus testemunharão a realidade do Reino, eles terão privilégios e um lugar maior do que João Batista. Todos os profetas das Escrituras tinham profetizado a respeito da vinda do Reino de Deus. João cumpriu a profecia, pois ele mesmo era o Elias que havia de vir (Ml 4.5).

APLICAÇÃO PESSOAL
João, foi um profeta que preferiu o deserto ao sistema mundano. Sequer consumia os mesmos alimentos comuns a todos os homens daqueles dias. Combateu as mazelas do seu tempo com ousadia e destemor. bradava à multidão dizendo: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi frutos de arrependimento. Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo” (Lc 3.7-9). Um exemplo de humildade: quando lhe informaram que Jesus estava batizando, em vez de sentir inveja, respondeu: ‘É necessário que ele cresça e que eu diminua’ (Jo 3.30). Como necessitamos de crentes como João Batista! Crentes resignados com a perversão doutrinária de nossos dias. João não olhava para as circunstâncias, sua luta era em prol da verdade, o que lhe rendeu a seguinte declaração de Cristo: ‘Entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista’ (Mt 11.11). Qual seria a reação desse profeta ao entrar em nossos templos e assistir a agressão que o Evangelho vem sofrendo. O que diria aquele que nasceu para preceder o Messias, inclusive cumprindo prisão injusta e execução sem culpa, ao ver, por exemplo, a pressão psicológica que se faz sobre o rebanho a fim de aumentarem mais e mais as ofertas para a Igreja? Qual seria sua resposta a um pregador da prosperidade que lhe afirmasse: ‘Eu quero receber 100 vezes mais, ter vida confortável, carro importado, dinheiro; se não for assim, não adianta ser cristão’?
Que ministério eficaz! Que disposição em seguir fielmente o caminho que lhe foi proposto! Não foi em vão que João, executado por Herodes, refere-se a Jesus como o ‘cordeiro’ de Deus que é oferecido pelos pecados do mundo. Nenhum homem jamais cumpriu este objetivo dado por Deus melhor do que João. João Batista é modelo eficaz para a Igreja de hoje: a quem esperamos ver: alguém preocupado com cargos e títulos ? Alguém que procura aplausos e popularidade? Um superpregador com uma mensagem cheia de ‘unção’, que apresenta uma nova unção, algo novo? Na verdade, precisamos ver homens corajosos, cheios do Espírito Santo que exortem o povo ao arrependimento, à santidade, resignados a fazer a Obra do Mestre sem esperar recompensa nessa vida. Homens que demonstrem serem cheios do Espírito Santo e que preguem sobre o pecado, a justiça e o juízo, que chamem os rebeldes à prudência dos justos, que não transijam com as suas consciências, nem pervertam princípios bíblicos para conseguir posição social ou proteção! Que João, o Batizador, seja o nosso exemplo. Que nosso propósito seja o de obedecer a Deus e permanecer leal a toda a verdade.
N’Ele, que me leva a refletir: ‘Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.’ (Rm 10.4),

Francisco A. Barbosa

Por que os crentes faltam às aulas da EBD? Leia e saiba.

Sim. Eu considero a EBD [Escola Bíblica Dominical] um dos melhores lugar de apredermos

a palavra de Deus,e crescer em sabedoria, graça e conhecimento. Contudo, me pergunto: Até quando? Até quando os cristãos virarão suas costas à EBD? Temos um arraial mui grande de crentes que tem por costume freqüentar os cultos, em maior volume numérico, aos domingos. Se é verdade que amamos tanto a Palavra de Deus e assim cremos que ela é, porque faltamos tanto aos cultos de ensino? Por que lemos tão pouco a Bíblia? Sem dizer os livros teológicos, a saber, os comentários bíblicos. Erramos em não conhecer a Deus e ao seu poder [Mt 22.29]. Nos culto evangelístico as pessoas recebem no coração a boa semente do Evangelho, se convertem ou são convertidas, contudo, na EBD, essas sementes nascem, crescem e criam raízes espirituais profundas.

Comumente todas as Igrejas protestantes, sejam elas históricas/tradicionais, pentecostais ou neo-pentecostais, tem EBD aos domingos pela manhã e cultos evangelísticos à noite, porém, uma maior parte da membresia não frequentam a EBD, inclusive, muitos obreiros também faltam e não dão o devido valor. É um descaso total dos membros. Por outro lado, a liderança ignora esse fato e nada faz eficientemente para reverter o quadro. Penso que este estado frio pode ser mudado.

Ainda creio que a solução virá, embora seja preciso mudar a visão administrativa, i.é, mudar a visão da liderança a respeito da importância do ensino em questão. Eis o que sugiro:

a) Investir em salas de aula compatível: nossas salas são inadequadas, não atraem, as cadeiras são antigas e sujas. Algumas ainda usam quadro de gis, reto-projetor, etc.

b) Qualificar, potencializar as aulas: aqui penso em conteúdo de qualidade, de tal forma que o aluno sinta apaixonado pelo conhecimento oferecido na EBD. Ainda há muito empirismo. O ensino bíblico/teológico da EBD precisa ser prático e relevante. É por isso que esse imenso arraial de cristãos que temos não consegue mudar comportamentos de nosso país. Resumindo: o sal está muito faco.

c) Investir numa dose equilibrada de marketing à EBD: Se quisermos ter em nossas igrejas cristãos espiritualmente enraizados e convictos, teremos primeiro que investir pesado na EBD. Note-se que é comum se dizer: "a EBD é a maior escola de ensino teológico a nível de mundo", contudo, nem mesmo 50% dos próprios membros da igreja a frequemtam. Algo está errado. Jesus atraía a multidão para si, melhor, atraía a multidão pelo ensino, no poder e autoridade de suas palavras. João Batista também. Paulo, ídem. E nós? Pensemos nisto.

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